Problemas ortopédicos na infância e adolescência. O que devemos saber?
Problemas ortopédicos na infância e adolescência

Problemas ortopédicos na infância e adolescência são tão comuns quanto na idade adulta e, por isso, também merecem atenção. No entanto, as doenças ortopédicas que acometem as diversas faixas de idade podem ser bem diferentes. O esqueleto em desenvolvimento apresenta particularidades e vulnerabilidades, com patologias próprias de cada idade.

As fraturas, por exemplo, muitas vezes não são iguais, os ossos quebram de forma diferente algumas vezes atingindo a região de crescimento. Lesões assim podem prejudicar o crescimento e gerar deformidades que não aconteceriam em um adulto.

É também em crianças e adolescentes que se percebe alguns problemas ortopédicos e condições que podem e devem ser diagnosticados e tratados evitando assim, outras complicações na fase adulta como dificuldades de locomoção, deformidades, contraturas diversas que algumas vezes as impedem o desempenho de uma atividade e vida social de qualidade.

Portanto, nesse momento os pais e mães devem ter a atenção redobrada e atentar à alguns sinais apresentados pela criança, como: o seu desenvolvimento para engatinhar, sentar, atrasos na marcha, andar na ponta dos pés, mancar sem causa aparente ou queixar-se de dores articulares, desvios nos ombros, e muitas outras alterações.

Estes podem ser alguns dos indicativos de que ela necessita ser avaliada por um ortopedista pediátrico.

Doenças ortopédicas na infância

Crianças muito novas podem apresentar algumas características ortopédicas distintas, que nem sempre indicam problemas ortopédicos da infância, pois à medida que elas crescem, algumas dessas condições se corrigem sem tratamento. 

Entretanto, outros problemas podem se tornar ainda mais graves e devem ser avaliados com mais cuidado. Na infância há 6 problemas ortopédicos mais comuns, são eles:

Pé chato

Normalmente, um bebê nasce com os pezinhos chatos. Ele só desenvolve os arcos (aquelas curvas na sola do pé que nos impedem de encostá-los completamente no chão) na medida em que cresce.

Em algumas crianças, no entanto, esse arco pode não se formar completamente. Entre os 4 e 6 anos de idade é a fase em que o ortopedista pode identificar o pé chato e prosseguir com o tratamento, onde, em algumas situações especiais a cirurgia pode ser uma saída para a melhora necessária.

Evitando assim, que outras doenças apareçam na adolescência ou até a fase adulta como fascite plantar, artroses, hálux valgo (joanetes), alterações de sobrecarga dos pés durante a marcha.

Pé cavo

É exatamente o oposto de pé chato. Aqui, os arcos dos pés são mais altos que o “normal”, ou seja, é uma alteração estrutural em que o arco natural da planta do pé apresenta uma curvatura excessiva. Porém, assim como no caso dos pés chatos, esse quadro não apresenta muitas ameaças ao paciente quando não está associado a outras condições, ou não causa dor.

Avaliação podoscópica pode evidenciar áreas de sobrecarga orientando tratamentos preventivos evitando problemas futuros.

Joelho Varo (Pernas Arqueadas)

Também conhecido como “pernas de cowboy”, joelho para fora ou geno varo, acontece quando a tíbia não se alinha corretamente ao fêmur, provocando uma flexão exagerada dos joelhos, fazendo com que eles apontem para fora.

É bastante comum em bebês e, em muitos casos, corrige-se por conta própria, na medida em que a criança cresce.

Porém, é preciso ter cuidado: esse quadro pode indicar condições bem mais graves, como o raquitismo (geralmente causado pela deficiência de vitamina D ou cálcio no corpo) ou a doença de Blount (provoca o crescimento anormal do topo da tíbia).

Marcha na ponta dos pés

Quando uma criança está aprendendo a andar, é comum que ela o faça na ponta dos pés, ainda mais durante o segundo ano de vida. Com o tempo, esse costume desaparece e dá lugar à marcha normal.

Contudo, se a criança tem mais de 3 anos e ainda se locomove na ponta dos pés durante maior parte do tempo, é preciso consultar um médico. Esse quadro pode, infelizmente, estar associado a outras condições como paralisia cerebral, encurtamento do tendão de Aquiles e outros distúrbios do sistema nervoso.

Agora, se a criança está saudável e, ainda assim, persistir na caminhada nas pontas dos pés, algumas sessões de fisioterapia podem ser recomendadas para que ela aprenda alguns exercícios e, assim, adapte sua pisada.  Casos selecionados podem necessitar de cirurgias corretivas para melhor estabelecimento da marcha.

Joelho Valgo (Pernas em X)

Também conhecido como “pernas em tesoura”, o Joelho Valgo é uma condição em que a criança possui os joelhos voltados para dentro. Mesmo que mais raro que o geno varo, ele é bastante comum em crianças de 3 a 6 anos.

Esse quadro costuma se reverter ao longo do tempo, na medida em que o pequeno vai desenvolvendo seu alinhamento natural. Porém, em casos mais acentuados, pode refletir algum “defeito” de zonas de crescimento ósseo, sendo assim tratamento ortopédico necessário.

Paralisia cerebral

Em geral, associado a intercorrências durante a gestação ou parto, uma doença neuromuscular pode afetar o desenvolvimento em diversos níveis.  Isso porque ela pode causar contraturas musculares, deformidades dos membros, coluna e distúrbios de equilíbrio.

Cuidados ortopédicos na adolescência

Na adolescência, o ritmo de crescimento e o estilo de vida do jovem podem tanto melhorar sua saúde locomotora como prejudicá-la, então, é interessante estar atento ao peso da mochila escolar, postura da coluna, além de cuidados preventivos a lesões esportivas, que são as principais causas de dores e desconfortos nessa fase.

Outras doenças associadas à atualidade envolvem o tempo excessivo em frente ao computador ou em jogos de videogame, onde toda a parte vertebral em especial a região cervical, pode se comprometer, devido ao esforço repetitivo, horas sem movimentar-se e postura inadequada, além disso, o uso de smartphones podem gerar além de dores no pescoço, alguns desconfortos na região das mãos e punhos por tendinites, tenossinovites, artrites.

Fraturas em adolescentes também são por natureza mais graves que nas crianças menores devido ao maior peso corporal e claro ao exercício em atividades de maior impacto.

Quando procurar um ortopedista pediátrico?

A princípio, um acompanhamento periódico anual ou conforme o médico pediatra indicar, já é um bom começo para que crianças e adolescentes se desenvolvam bem e que qualquer anomalia seja identificada logo no início.

Mas, se a criança apresentar algum comportamento diferente, como os listados acima, é interessante antecipar a consulta.

Além dessas, outras situações como avaliações pré-início de atividades esportivas e ocorrência de traumas podem requerer a aviação especializada.

Dr. André Luiz Pereira

Ortopedia Pediátrica/Adolescentes e Doenças Neuromusculares

Membro Titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Ortopedia Pediátrica 

CRM-TO 2530 | RQE 2119

Problemas ortopédicos na infância e adolescência

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